Era uma tarde ensolarada, cheguei em Porto Alegre por volta das 14:00 horas. Me desloquei até um bairro recluso e distante. O taxi me deixou em frente a um sobrado rústico e colorido, havia chegado. Ao bater na porta, um senhor calvo trajando roupas sociais me atendeu, era Luiz, mordomo da família Carneiro por décadas. E foi na beira da piscina da Mansão Carneiro que foi concebida essa bela entrevista que segue abaixo:
Doc, o que tu anda ouvindo de banda nova? Não sei se é nova, mas o The Fratellis é uma banda que eu simpatizei e gosto de ouvir o disco. De mais recente tenho gosto também pelas coisas mais eletrônicas, tipo LCD Soundsystem ou dançantismos franceses meio que da família do Justice, tipo Yuksek e We Are Terrorists...
Nem tão novos, mas que eu curto afú, são o Phoenix e o Of Montreal.
E de som antigo?
Muita coisa brasileira anos 70 que eu baixo no Brazilian Nuggets e outros blogs, como Guilherme Lamounier, Spectrum, Silvinha e o Paêbirú, disco de Lula Côrtes & Zé Ramalho que é uma doidêra psicodélica, histórica, botânica e muitas outras "icas".
Muita coisa negra, dub, reggae, ritmos africanos, que eu baixo no blog República de Fiúme ou no Cavalo 23, que são excelentes e têm o que há de melhor!
Mais Cat Stevens, Neil Young, Bowie, Daniel Johnston... e, sempre, flaming lips.
Comunidade favorita do orkut?
"Índice Geral - Discografias"
Melhor seriado atual?
Damages - porque tá na primeira temporada.
Dirty Sexy Money e mad men são massa também.
As temporadas novas do Lost, House, CSI foram preza também. Mas, no ano passado rolou uma temporada do seriado que eu mais pirei recentemente: John From Cincinnati.
Fez o Twin Peaks parecer novela da globo de tanto que não faz sentido. Lindo! Mas só durou essa primeira temporada mesmo.
Melhor seriado toda vida?
Twin Peaks ou M.A.S.H.
Com espaço pro John From Cincinnati
E honrarias pro Flying Circus (que não compete com nada, de tal genial que é - tipo Roberto Carlos)
Qual o melhor ser humano do mundo?
Minha Mãe e o Pedrão Hahn, ex-batera da bidê.
e a Alcione, minha cadela - baita ser humano!
Melhor lanche?
Bife a Milaneza com um limãozinho e uma mostarda forte na lancheria do parque e o Whopper do Burger King.
Melhor comida caseira?
Bife a dorê da minha mãe e o meu churrasco.
Um filminho pra ver sozinho de madrugada.
24 horas de sexo explícito, de José Mojica Marins (aquele do pastor alemão)
Um filminho pra ver com aquele alguém especial.
Hellraiser, do Clive Barker - e o alguém especial é um colchão ensanguentado
Última grande compra.
O dvd "Isto é Gauchada Tchê vol.3" com Leopoldo Raisser, Luiz Marenco, Pedro Ortaça, Mano Lima e outros, o Monty Python no hollywood bowl e um que tem Primal Scream, Spiritualized e Nick Cave feito pra ajudar crianças pelestinas (fiz minha parte!).
A quantas anda o cd novo da Bidê? Tem alguma pista sobre como o mesmo soará?
Tem mais de 40 músicas compostas e já temos uma idéia de quais entrarão no disco. Elas são diferentes pq as composições vieram de pessoas diferentes, como o pilla, que dessa vez compôs um monte de coisa (incluindo letras). A tendência é ele ser algo entre o Outubro ou Nada com a qualidade de gravação e apêgo pela simplicidade do 'Vazão'.
As composições funcionam como? Todo mundo junto ou gêniozinho faz tudo?
Todo mundo junto. Nessas novas canções tem coisas que eu fiz sozinho e que o pilla fez sozinho ou que um procurou o outro pra dar uma ajudinha em algum detalhe ou completar a música, e tem coisas feitas durante ensaio pelo sá, o andré, a vivi e o caveira (com riffs deles e um antigo, da katia), que o Frank Jorge fez letras excelentes.
mas a coisa faz sentido mesmo e vira música quando tá todo mundo junto.
Vocês tocam “Hoje” do Camisa de Vênus, que inclusive ta no É preciso da vazão ao sentimento, e “Só Mais Uma Chance” d’Os Replicantes. O que mais vocês já tocaram ou tem vontade de tocar?
Tocávamos (ou ainda tocamos) Private Idaho do B 52's, Blister in the sun dos Violent Femmes, várias do Ultraje, Lucy in the sky with diamonds, song #2 do blur, umas do nirnava (incluindo Molly's Lips, que na real é dos vaselines, de quem a nossa versão se aproximava mais)... várias...
Ainda vamos (ou queremos) tocar Boys and Girls ou There's no Other Way do Blur, Blue Monday do New Order, Não me mande flores do De Falla e qualquer Flaming Lips.
Atualmente vocês participaram do Som Brasil, programa da Globo, em homenagem ao Cazuza. Foi complicado fazer as covers? A galera da banda de fato curte o jovem?
As versões foram feitas naturalmente e estão soando tribem. A que ficou mais diferente é "Ideologia", que fizemos meio parecida com a nossa "Spaceball", pra aproveitar a batéra preeeeza que o Cave faz nela.
O Cazuza em si, ou a música dele, não são referências primordiais pra Bidê. Mas principalmente a fase dele com o Barão (que começa com 'B' e muitas vezes foi citado entre as bandas que a gente gostava por essa razão ortográfica) é muito massa.
Fala sobre como surgiu o belo Império da Lã.
De churrascadas que juntavam amigos de bandas diferentes em que se ouvia coisas bem "ecléticas", daí pirei em uma banda sem formação fixa cujo repertório pudesse se adaptar conforme os bróder que nela estivessem - e que mantivesse o clima amistoso e descompromissado daqueles churrascos.
Daí, num belo dia do começo de 2007 um amigo meu, o Aníbal, primo do Chicão, ligou dizendo que ia abrir um bar em Jaguarão e queria que eu fosse lá tocar e, para fazê-lo, juntamos uma galera e realizamos os dois primeiros shows do Império (bêbados, claro).
Eu tava quando o Magical Mistery Tour foi tocado duas vezes seguidas, sendo uma das coisas mais lindas do mundo, perdendo só pro Disney no Gelo. Como foi pra ti ser o mestre de cerimônias deste belo evento?
Foi lindo! Vai rolar repeteco agora em julho, em Novo Hamburgo, no Abbey Road.
Todos os Classic Albuns foram emocionantes, e serão daca vez mais.
O da Amy Winehouse foi demais, casa lotadaça e a Lica cantando muito!!!
Al Gore salva ou não salva o mundo?
Se o Bono não o fizer antes.... pode ser.
E pra finalizar, sobre o nome, eu sei que muita gente pergunta e que tu costuma mentir, mas, de onde saiu “Carlos Carneiro”?
Em setembro de 1921, no dia 23, quando o meu bisavô João e a minha bisavó Nenita deram ao filho deles o nome de Carlos, desde então virou mania.